JOANA VASCONCELOS RECEBE ORDEM DAS ARTES E DAS LETRAS FRANCESAS
Na próxima sexta-feira, dia 4 de fevereiro de 2022, às 12h00, decorre a cerimónia de entrega de insígnias Arts et Lettres à artista portuguesa Joana Vasconcelos, das mãos da Senhora Embaixadora Florence Mangin, na Embaixada de França, em Lisboa. A Ordem das Artes e das Letras, atribuída pelo Ministério da Cultura francês, agracia “as pessoas que se distinguiram pela sua criação no campo artístico ou literário ou pela contribuição que deram à influência das artes e das letras na França e no mundo”.
Sem nunca deixar de assumir a cultura e a tradição portuguesas como pilares fundamentais e inspirações predominantes para a sua criação artística, Joana Vasconcelos também desenvolveu uma relação de grande proximidade com os valores do pensamento e da cultura francesa. Nascida em Paris em 1971, de pais de origem portuguesa, no exílio por força da ditadura, Joana Vasconcelos cedo aprendeu a expressar-se em língua francesa, e estudou no Liceu Francês, em Lisboa, onde a família regressou quando tinha três anos.
Neste contexto, foi com agrado que Joana Vasconcelos recebeu o convite para integrar a Temporada Cruzada entre Portugal e França, que promove o intercâmbio cultural dos dois países e arranca já no dia 14 de fevereiro, prolongando-se até outubro de 2022. Nesse âmbito, e a convite do Centre des Monuments Nationaux, com a curadoria de Jean-François Chougnet, a artista plástica encontra-se a preparar uma monumental escultura têxtil para a Capela do Castelo de Vincennes em Paris. Intitulada Árvore da Vida, esta peça é inspirada na Dafne de Bernini e presta tributo à auto-determinação da mulher, também materializada na figura de Catarina de Medicis, que após a morte do marido Henrique II, se empenhou na finalização da capela, contribuindo para estabelecer a ligação entre a terra e o céu.
É o regresso da artista contemporânea a um monumento histórico francês, 10 anos depois de se ter tornado na mais jovem artista e primeira mulher no Palácio de Versalhes, com aquela que foi a exposição mais visitada de França em 50 anos, atingindo um número recorde de 1,6 milhões de visitantes. Ao longo do tempo, a sua obra foi exibida em inúmeras galerias e museus franceses, integrando, por exemplo, a Coleção Pinault e a da Fundação Louis Vuitton. Duas das suas criações para o espaço público encontram-se em território francês em permanência desde 2018: Fruitée em Ferber, Nice (Côte d’Azur) e Coeur de Paris na Porte de Clignancourt (Ville de Paris). Merece ainda destaque a colaboração com Le Bon Marché, para o qual a artista criou uma peça da sua série das Valquírias, em homenagem a grandes mulheres francesas: Simone (2019) de Beauvoir, (Simone) Veil e (Simone) Signoret. Outras parcerias envolveram marcas como a Dior, a Chanel, a Vogue, a Roche Bobois ou a Flammarion. A sua obra e pensamento têm sido objeto de estudo por parte do filósofo francês Gilles Lipovetsky, que assinou com Jean Serroy o livro Joana Vasconcelos ou o Reencantamento da Arte, lançado em Portugal no final do ano passado pela editora Almedina.
Esta distinção vem juntar-se a mais de 30 prémios atribuídos a Joana Vasconcelos ao longo dos seus quase 30 anos de carreira, tais como o grau de Comendadora da Ordem do Infante D. Henrique, concedido pela Presidência da República Portuguesa em 2009, ou o The Contemporary Art Prize pela Association Française des Amis du Musée d'Art de Tel Aviv em 2013. Ainda este ano, a artista plástica deverá receber o Women Together Art Award de 2020, entregue pela Women Together Foundation na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque.
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